Ação reconhecerá vinhos e espumantes finos de Monte Belo do Sul na Serra GaúchaMonte Belo do Sul - Inspirados no sucesso do Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves (RS) – única região brasileira com indicação de procedência de vinhos e espumantes concedida pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) –, 12 vitivinicultores de Monte Belo do Sul (RS) estão participando de um projeto para também terem seus vinhedos reconhecidos. De acordo com dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a cidade é a maior produtora nacional de uvas brancas finas destinadas à fabricação de espumantes, com 3 mil toneladas/ano.

A região produz também 9 mil toneladas por ano da fruta destinada aos vinhos tintos finos. Os parreirais que estão nos limites da área de indicação geográfica abrangem 2,3 mil hectares.
“Apenas o Vale dos Vinhedos possui esse status no Brasil e os resultados são fantásticos”, destaca o pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Uva e Vinho, Jorge Tonietto. Entre os critérios para o reconhecimento da região como área delimitada estão: qualidade das uvas, produtores representados por associações, produção em uma área delimitada e rastreada e fabricação com no mínimo 80% de uvas plantadas na área delimitada.
O projeto de Indicação Geográfica Monte Belo é uma realização da Embrapa Uva e Vinho, Associação dos Produtores de Vinho de Monte Belo do Sul (Aprobelo), Embrapa Clima Temperado, Universidade de Caxias do Sul (UCS), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) em parceria com o Programa Juntos para Competir e Prefeitura Municipal de Monte Belo do Sul.
O Programa Juntos para Competir, impulsionado pelo Sebrae no Rio Grande do Sul, em parceria com a Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) e Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), busca organizar e aprimorar as cadeias produtivas do agronegócio no Rio Grande do Sul, como a bovinocultura de corte, a suinocultura, a ovinocaprinocultura, a fruticultura, a floricultura, a vitivinicultura, a apicultura e a cultura da cana-de-açúcar e seus derivados.
A apresentação do projeto para os produtores, parceiros e comunidade ocorreu no final de março, no auditório da Prefeitura de Monte Belo do Sul. Segundo o pesquisador, o município sempre comercializou uva de alta qualidade para as grandes empresas, mas agora com a reorientação de sua base produtiva, passará a fabricar os próprios vinhos e espumantes de forma coletiva.
De acordo com Tonietto, o projeto de Indicação Geográfica reconhecerá os vinhos brancos do tipo riesling Itálico e chardonnay; os vinhos tintos cabernet sauvignon, cabernet franc, merlot e tannat; os vinhos espumantes finos, do tipo riesling Itálico, chardonnay, trebiano, prosecco, pinot noir; e espumante moscatel, oriundo de uvas com aroma de moscato.
Segundo a técnica do Sebrae/RS e gestora do projeto APL de Vitivinicultura da Serra Gaúcha, Raquel Rohden, os 12 vinicultores são da Associação dos Produtores de Uva e Vinho de Monte Belo do Sul (Aprobelo). A entidade vem sendo acompanhada pelo Programa Juntos para Competir há três anos e entre outras ações estão sendo trabalhadas as boas práticas agrícolas e a capacitação dos produtores para a implantação da rastreabilidade da produção de uvas e de vinhos finos.
Essa qualificação, conforme Raquel, contribui para a implantação do projeto de Indicação Geográfica de Monte Belo do Sul e agrega valor ao produto. “Queremos que o município seja notado no mercado como um grande produtor de espumantes de qualidade”, destaca o presidente da Aprobelo, Antoninho Ademar Calza.
O consultor do programa Juntos para Competir, Gabriel Nunes de Oliveira, explica que a rastreabilidade visa determinar a origem da uva e a forma como ela é produzida. “O trabalho irá treinar os produtores em cada ciclo de produção, iniciando com o de inverno”, informa. O consultor complementa que trata-se de um trabalho contínuo de treinamento que inicia a cada novo ciclo e se atualiza anualmente. “Com esse trabalho o consumidor terá mais uma garantia da excelência dos vinhos e espumantes produzidos em Monte Belo do Sul”, afirma.
Apoio de pioneiros“Não só apoiamos a indicação geográfica de Monte Belo do Sul, como temos permanente contato com Aprobelo no desenvolvimento de projetos”, destaca o diretor-executivo da Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (Aprovale), Jaime Milan. Segundo ele, a associação apóia as ações que fortalecem a imagem do vinho nacional.
Ele lembra que antes da conquista da indicação geográfica do Vale dos Vinhedos, concedida pelo INPI em 2002, os produtores tinham dificuldades em comercializar suas marcas, a margem de lucro era muito baixa e ainda enfrentavam a concorrência das grandes vinícolas. “A partir do momento que se uniram, começaram a realizar ações em grupo e foram certificados, agregaram valor ao vinho da região e ganharam visibilidade nacional e internacional”, conta.
O Vale dos Vinhedos, localizado entre os municípios de Bento Gonçalves, Garibaldi e Monte Belo do Sul, é a primeira região do Brasil a obter Indicação de Procedência de seus vinhos finos, exibindo o Selo de Controle em vinhos e espumantes elaborados pelas 31 vinícolas associadas a Aprovale. A associação foi criada, em 1995, a partir da união de seis vinícolas. O pedido de reconhecimento geográfico foi encaminhado ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) em 1997.
Em fevereiro do ano passado, o Vale dos Vinhedos, tornou-se a segunda região no mundo a ter a sua Indicação Geográfica reconhecida pela União Européia. Somente Napa Valley, na Califórnia, Estados Unidos, tinha a distinção. “Isso significa que as 31 vinícolas integrantes do Vale dos Vinhedos poderão vender livremente na União Européia seus vinhos e espumantes”, comemora o presidente da Aprovale, Luis Henrique Zanini.
Atualmente, a Aprovale conta com 31 vinícolas associadas – integrantes da indicação geográfica – e 25 associados não-produtores de vinho, entre hotéis, pousadas, restaurantes, artesanatos, queijarias e outros. As vinícolas da associação produziram, em 2007, 7,5 milhões de litros de vinhos finos, o equivalente a 10 milhões de garrafas. Além da produção de vinhos, a região apostou no enoturismo e agora recebe 120 mil visitantes por ano.
fonte: Agência Sebrae de Notícias do Rio Grande do Sul, de 09/04/2008.
Contribuição do confrade Normano